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quarta-feira, fevereiro 15, 2006


Brasil amplia embargo à carne de toda a Argentina


Alarmado com a ameaça do foco de febre aftosa surgido na Argentina, o Ministério da Agricultura ampliou ontem o embargo a todos os animais vivos e produtos de origem animal do país vizinho, à exceção das carnes industrializadas e desossadas. Na quarta-feira, as restrições atingiam apenas produtos da região do foco, descoberto em San Luís del Palmar, na província de Corrientes, a 280 km da fronteira com o Rio Grande do Sul. "Vamos trabalhar com a reciprocidade", afirmou o secretário de Defesa Agropecuária, Gabriel Maciel.O governo anunciou também medidas para reforçar a vigilância nos Estados do Sul e controlar o fluxo de pessoas e veículos nas áreas de fronteira. O trabalho será feito em conjunto com os serviços estaduais. "A defesa sanitária tem que ser tratada como uma questão de segurança nacional", disse Maciel.

Dono de um orçamento de R$ 130 milhões para as ações de defesa sanitária em 2006, o ministério previa iniciar a vacinação conjunta com os países vizinhos, sobretudo Bolívia e Paraguai. "Com esse episódio, vamos adiar a vacinação com a Bolívia prevista para começar na próxima semana", afirmou. Segundo ele, apenas ações conjuntas poderão exterminar a aftosa do continente. "Há um vírus recorrente, que aparece aqui e ali. Sem colaboração, não teremos sucesso".

Maciel afirmou que questões comerciais atrapalham ações de defesa. Produtores gaúchos, por exemplo, aproveitaram a aftosa para exigir a extensão do embargo a produtos vegetais argentinos, como cebola, alho, trigo e arroz. "Temos que avaliar bem porque se fechamos de um lado, a Argentina pode retaliar de outro", disse. O mercado argentino para frangos e suínos brasileiros é considerado muito importante para o Brasil.

O secretário reiterou que o Brasil começará, a partir de março, a monitorar as áreas de fronteira nos estados do Acre, Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul para inibir o contrabando de gado. O ministério já gastou R$ 4,1 milhões com o novo recurso e deve estender o trabalho às fronteiras dos estados do Sul.Gabriel Maciel reconheceu que o Brasil pode ganhar com fechamento de mercados para a Argentina. "O Chile compra 11% do Brasil e agora deve acelerar a retomada das compras " , previu.Quando surgiram os casos de aftosa no Brasil, outubro passado, a Argentina acabou ocupando espaço do produto brasileiro, principalmente no Chile, que proibiu as compras do Brasil.O país, que chegou a comprar 104.273 mil toneladas (ou US$ 198,9 milhõs) em 2004 reduziu as compras do Brasil em 2005, quando importou 66,6 mil toneladas (ou US$ 139,9 milhões). Parte dessa queda se deveu ao embargo por causa da aftosa.

Fonte: Valor Econômico


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